sábado, 26 de dezembro de 2009

Flashforward

Corria o ano 2368, já bastante depois do início da jornada dos nossos companheiros.
Eles já estavam no pico do seu potencial, e após as suas aventuras desgastantes (para o corpo e para a carteira) era imperial ganhar umas massas.

Rökiloy criou uma escola de Domínio da Arte Corporal, que começaram a ser bastante comuns nesta época, mas como é obvio, ninguém era melhor que ele na matéria.

Para obter o máximo rendimento dos seus alunos Röki criou um sistema de competição, em que o aluno menos bom, ao fim de um dia, seria expulso da escola (ao estilo daqueles castings para os programas de caça-talentos).

O Röki teve a gentileza de fornecer as imagens desse aluno (ele grava-os a todos), que tinha acabado de sair de uma cadeira de rodas e apenas teve três horas de aulas.

Aqui fica o pior aluno, Damien Walters: http://www.youtube.com/watch?v=5MeiwLLZjDo

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Panic at the mini market disco "Final P'art" 2

A tríade de amigos ficou estupefacta perante tal visão. Roki pensou imediatamente em fabulosas linhas de engate mas o Gajo antecipou-se na sua habitual subtileza.

- És nova por estas bandas?

- Olá. Sim, sou.

- E já fodes?

- Desculpa?

- Perguntei-te se já fodes. É uma pergunta simples, não achas?

- Mas isso é indecente! Como te atreves?

- Desculpa, não te queria ofender. Mas engoles ou não?

E nesse momento, a MULHER MAIS LINDA DO UNIVERSO transformou-se num demónio muito wild com poderes imprevisíveis.

- Percebi logo que ela era um demónio. As mulheres bonitas não choram.

- Gajo, és um génio, mas tenho a sensação que aquilo nos vai atacar...

- Se temes é porque és palerma. Tenho muita experiência com mulheres, sabes?

- E mulheres-demónio?

- Já aturei muitas mulheres com o período. Será diferente?

Neste momento, a mulher já se tinha transformado num super-demónio, sendo provavelmente um DOS DEMÓNIOS MAIS FEIOS DO UNIVERSO!

- Fiz bem em irritar o bicho. Agora mostra a sua verdadeira cara!

- Estás muito Dragon Ball, Gajo!

POW

Sem aviso, Roki leva um super-murro na perna esquerda. Movimentava-se como um feio anjo decadente, grande como uma nuvem gorda, soberbamente estúpido como uma porta redonda numa casa de chá. Sacou no meio da gosma de uma faca com as suas iniciais gravadas. Num gesto rápido lançou-a em direcção do Gajo, gritando:

- CUMPRIMENTOS DO SAMUEL!

Felizmente para todos nós, o Gajo desviou-se a tempo, e sacando do seu bolso o DEMON TRAPPER, abriu um poderoso buraco no céu, fechando numa fachada cósmica este demónio.

- Felizmente era um demónio fraco. Mas poderão vir outros.

- Gajo, estou a ficar fodido contigo. Salvas-nos sempre.

- Ya. Vamos mas é bazar. Estou farto do Best Buy.

E assim, resolveram sair FINALMENTE da loja, partindo à pura aventura. Que surpresas encontrarão? Seria este um demónio isolado? Quem raios é o Samuel? A perna de Roki estará roxa? E porque é que as mulheres mais boas são sempre umas tonas?

domingo, 20 de setembro de 2009

Panic at the mini market disco "Final P'art"

O grito não tinha cara. Mas os 3 amigos sim. Dava jeito para engatar gajas. E gajas não-feias, que isso até o Homem-Bacalhau tinha.

O Best Buy era um lugar curioso, alguns chamavam-no "Melhor Compra", o que era sinceramente parvo segundo os normais padrões de consumo.

De repente, num lusco de genialidade, o jovem Roki afirma:

- Se ouvimos um grito, alguém deve estar a sofrer!

- Não sejas redutor, puto! Esse alguém pode estar a fazer sexo!

- E de sexo percebo eu! Avancemos cambada!

Roki e o Narrador nunca tinham ouvido o Gajo a dizer a palavra "cambada", mas concordaram com ele e começaram uma dança entre o cobarde e o confiante para fazer o monstro sair do seu buraco.

Engenhoso, o Gajo manipula uma escova de dentes com a esperança de a tornar fatal nas costas do seu eventual inimigo e avança. Eles também avançam, avançam... até que de repente e outra vez, um GRITO!!!!!

AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!

Os 3 amigos olharam em choque para o chão do corredor. Lá em baixo, no chão do corredor que mencionei na linha anterior, gritando, chorando por não haver mais champô Hello Kitty, estava ela,

a MULHER MAIS LINDA DO UNIVERSO.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Panic! at the minimarket disco Pt.58

No Buy Buy estava tudo...normal. Não havia sinal nenhum de problemas, o que por si só já é um sinal de risco!

- Acho que estou a ouvir as sirenes do mar.

- Dude, WTF???

- Ah, esqueçam, é só um zumbido no ouvido.

Ao verem tudo tão...normal, pensaram que já tivesse acontecido alguma coisa. Mas não faria sentido, porque senão o mini mercado estaria em alvoroço, o que não aconteceu!

- Aquele velhote ali à frente...parece o Mester Shigusi, deve estar undercover.

- Porreiro, pá! Assim fico mais confiante, a saber que o nosso grande mestre está cá para ajudar, caso seja preciso.

Aaaaaaahhhhhhhhhhhhh!!!!!

- O que foi isto? Deve ser para isto que o Shigusi nos queria preparados!

-
Vamos para lá rápido!

Aaaaaaaahhhhhhhhhhh descontos!!! Estava mesmo a precisar disto!!!

- Tipo, descontos na cola para a placa dos dentes? Acho que o velhote nos enganou...

Aaaaaaaaaaaahhhhhh!!!!!!!!!!!! Socorroooo!!!!!!!

- Desta vez parece a sério, vamos lá cambada!

O Rökiloy usou as suas técnicas e começou a saltar estantes para chegar mais rápido à origem do grito, enquanto que o Narrador e o Gajo correram (embora o Gajo estivesse a correr com muito mais estilo).

Quando chegaram ao corredor viram apenas uma mulher bastante assustada.

- O que se passa, minha senhora?

- Recebi uma mensagem a dizer "olha para trás de ti", e quando olhei recebi outra a dizer "agora volta a olhar para trás", e levei grande estalo!!!

- Devem ser espíritos...

- Cala a boca, Röki, não digas disparates.

No fundo o Rökiloy sabia o que se passou, apenas não queria alarmar os seus companheiros.

- Pessoal, vamo-nos separar para procurar o bacano, alguma coisa gritem.

E assim os nossos amigalhaços separaram-se, não sabendo o que raio iriam encontrar.

Panic! at the minimarket disco Pt.57

Depois de várias peripécias totalizando 56 partes, os nossos amigalhaços decidiram apanhar o retro, para poupar 4,36 minutos de caminhada.

- Vamos, com sorte ainda conseguimos entrar neste.

- Só se fores pedir ao man para comprar o bilhete lá dentro, senão esquece Röki.

Os 3 amigos foram a correr até ao pica, e perguntaram.lhe se podiam entrar e pagar-lhe o bilhete lá dentro.

- Claro que não! Têm ali uma máquina, e uma bilheteira lá em baixo.

- Mas nós acabámos de chegar, precisamos mesmo de apanhar este retro.

- Então vão tentar comprar ali à máquina, pode ser que ainda consigam entrar.

Mal o Gajo, que era o que estava mais atrás, vira as costas, ouve-se o sonoro Piiiiiiiiiiiiiiiiiiii típico dos comboios prestes a partir.

- FILHO DE UMA CABRA SEM TÊTOS! - gritou o Rökiloy num acesso de fúria passageiro.

- Que cena, agora são mais 3 minutos até o retro voltar para aqui.

- Eu falo com ele, vou fazê-lo arrepender-se de nos ter empatado.

Passados 3 minutos o retro voltou.
O Rökiloy foi o primeiro a entrar, olhando para todos os lados a ver se encontrava o revisor.

- Ali está o escarro!

- Calma aí Röki, i'll do the talking.

- Ok Gajo, eu confio em ti.

Vai partir o retro com destino à próxima paragem, parando em todos os sítios em que costuma parar até lá chegar.

Entretanto o pica chegou ao pé do Gajo e ficou à espera de algo, talvez que lhe entregassem os bilhetes, ou assim. O Gajo, sem mais demoras perguntou:

- Olha olha, se não é o Sr. Ética. Já deixou mais pessoas a pé hoje? O que foi? Nunca viu?

- Os vossos bilhetes.

- Os nossos bilhetes o quê? Seja mais explícito.

- Quero ver os vossos bilhetes, tipo, para saber que não têm que pagar multa e isso...

- Sim, estão aqui, mas antes disso responda à minha pergunta. Já deixou mais pessoas a pé hoje? Quando chegar a casa vai fazer o quê? Deitar-se e contar ao ursinho de peluche "Hoje deixei 3 rapazes à espera do retro hahaha, como eu sou mau."?

- Rapaz, estás a ofender-me, vê lá se queres problemas.

- Estou mesmo a ver a cena, eras daqueles gajos que no liceu se armava em parvo com os putos charilas e indefesos, e que quando esses putos entraram para a universidade tu tiveste que ir trabalhar, porque como estavas tão ocupado a armar merda não te lembraste de estudar.

O Narrador e o Rökiloy já não conseguiam controlar o riso, e soltavam gargalhadas sonoras, que se ouviam em toda a composição. As pessoas olhavam para a cena ridícula, mas bastante engraçada que estava a acontecer.

- Estás a passar das marcas, queres levar com gás piri-piri nos olhos?

Mas o Gajo fez orelhas moucas e continuou a sua coça verbal:

- Depois quando não sabias o que fazer pensaste "Eu tenho que continuar a chatear os marrões, o que vou fazer agora?". Só acho que é estranho teres ido para revisor...não te aceitaram na polícia? Aí é que podias chatear o pessoal a sério, até podias passar multas a uma pessoa qualquer só por usar óculos, ou por ter livros na mão.

- Venha comigo, se faz favor, vamos ter problemas sérios meu rapaz.

- Eu não vou a lado nenhum, a minha paragem é aqui. Até à proxima, tijolo.

O revisor ficou boquiaberto e avermelhado, enquanto toda a gente se ria dele. O seu sistema simpático foi activado e ele começou a suar bastante, ao mesmo tempo que largou algumas pinguinhas.

Depois de sairem do retro foi uma questão de minutos, mais precisamente 1,324, até chegarem ao BB.

No momento em que entraram, ficaram horrorizados com o que viram...

sábado, 30 de maio de 2009

Panic! at the minimarket disco Pt.2

Na sua alegria irónica com laivos de sarcasmo e patetice aparente, O Gajo dá mais uns passos na direcção do mini mercado.

O Narrador e o Rökiloy já estavam cansados de se armarem em macacos, tendo despido os seus disfarces de babuíno. Estavam agora a usar roupas perfeitamente normais, e a comer umas bananas com recheio de amendoim e topping de café, um snack perfeito.

- Melhor do que isto só bifes com morangos e creme de cenoura por cima, é um pitéu.

- Isso parece comida dos pobres.

- Yah Narrador, obrigado por me lembrares da minha situação financeira agravada...o meu colchão só dá juros de 0,000032 %, não é como o teu...

- Ok...eu pago-te o lanche hoje :D

- Dude...vai mergulhar numa trincheira cheia de napalm e depois volta a falar comigo.

O Narrador faz cara de cãozinho abandonado mas em vão, porque o Rökiloy já olhava todo divertido para uma montra do outro lado da estrada cheia de brinquedos e cenas de fazer magia e tal.

- Vá crianças, vamos mas é continuar que ainda falta um pedaço até chegar ao minimercado.

- Espera Gajo, recebi um sms de um número estranho...

- CUIDADO COM O CARRO, SUICIDA DE MERDA!

- WTF???

Com os seus reflexos ultra-apurados e as suas técnicas de domínio corporal e do espaço à sua volta, Rökiloy evade o carro, quase que em slow-motion, ou mesmo...nem sei.

Ainda se ouvem os gritos do condutor: "Vê por onde andas, palhaço!".

- O que estavas a fazer a olhar para o telemóvel a atravessar a estrada? Certamente querias ir tocar harpa para o céu, ou piano para África numa poça de merda...

- Épa, desculpem lá, não devia ter lido a mensagem naquele momento...

O Rökiloy não disse nada aos seus amigos sobre o conteúdo da mensagem, mas esta dizia: "Muhaha", ou seja, um riso maquiavélico!

Rökiloy pensou em voz alta: "Acho que agora vou ter pesadelos à noite com um homem feio, com os dentes da frente 1 maior do que o outro, sendo ambos salientes, monocêlha, estrábico e corcunda, com uma voz semelhante à de um cão com tosse, a arfar, com tanto pêlo a sair das narinas e das orelhas como do alto da cabeça, a vir na minha direcção com um facalhão de picar manteiga."

- Röki, disseste alguma coisa?

- Hã? Não, nada...

E assim, continuaram a sua alegre e atribulada caminhada em direcção ao mini mercado Buy Buy (BB).

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Panic! at the minimarket disco Pt.1

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Ah, desculpem-me, agora que sou super-hiper-mega inteligente penso em binário.

Ajuda a bloquear mind-readers!

Vou continuar, desta vez em ASCII:

Num dia bastante solarengo, estavam O Gajo e o Rökiloy numa esplanada, a apanhar sol.

O dia tinha tudo para ser perfeito: a temperatura estava quente, não havia nuvens nem vestígios destas, o céu estava azul, excepto na área onde está o sol, que por acaso estava bastante brilhante. Parecia que alguém muito poderoso estava a olhar para mim, e eu tinha que baixar a cabeça.

Além disso, estava também muito sol.

Considerando o sol que estava, estava MUITO sol.

Resumindo, o dia prometia bastante, sabe-se lá de quê.

Dirigi-me ao encontro dos meus amigos, sem saber o que iria encontrar pelo caminho.

Chegando ao pé deles apercebi-me que não se passou nada de especial durante o caminho, afinal o dia pode não ser tão promissor quanto isso.

- Hey, Gajo, Röki, como estamos hoje?

- Yo Narrador, 'tá-se bem, e contigo?

- Comigo tudo em cima, já sabes como sou.

- Sim, sim, já todos sabemos como és, agora senta-te que estás a fazer-nos parecer pessoas cultas a não querer comprar pensos de um cigano.

- Tens alguma coisa contra ciganos? Nunca pensei que fosses de estigmatizar pessoal, Gajo.

- Estigmatizar? Olá..estás mais inteligente do que o normal!

- É um facto...podes comparar-me a Deus, se ele existisse, claro...Mas não vou começar a responder às perguntas sem resposta que existem, seria de muito mau gosto.

- Vocês são uma seca, iam era gostar de ver eu a brincar ao parkour!

- Só se fosse a tua mãe, a fazer powerslide no meu corrimão!

- Haha, foste grande Gajo, nem com toda a minha super inteligência conseguia fazer uma piada dessas.

- Eu SOU grande, e acho bem que te ponhas no teu lugar, comparações entre ti e Deus têm que passar antes por mim.

- 011100000110000101101110011001010110110001100101011010010111001001101111

- Não vale a pena chamares-me nomes em binário, eu consigo ver que disseste cenas más pela tua expressão facial.

- Narrador, não precisas de beber nada? É que dizer esses números todos durante 2 minutos deve cansar.

Entretanto, a afável conversa é interrompida pelo toque dos pagers pessoais dos 3 amigos. Normalmente tocam em caso de desafio proposto pelo Grande Mestre Shigusi, ou outro tipo de treino manhoso.

"Meux carux pupilux, keruh k extejam nu minimercaduh daki a 20 minutx. venham preparadx para a axãum, pk é poxivel aver eventux maux"

Após 10 minutos na descodificação da mensagem, Rökiloy pergunta:

- Epá, porque é que ele escreve assim?

- És mesmo mentecapto, Röki...Faz parte da arte da sedução, tens que agir como a presa para conseguires captar a sua atenção e interesse. O Mestre Shigusi já está tão habituado a usar este dialecto ancestral que as mulheres gostam que já lhe está entranhado no cérebro.

- É quase isso, Narrador, mas esqueces-te de algo. Uma coisa é a teoria, outra é a prática, e cada mulher é reage de forma diferente à mesma situação. Ninguém pode prever se ela vai gostar ou estrebuchar. Ninguém excepto eu!

- Assim o parece, Gajo.

- Ei pessoal, e que tal irmos brincar ao parkour até ao minimercado?

- Talvez fosse fofinho!

O Gajo responde com um facepalm e com a sua calma do costume começa o seu caminho, atrás do Narrador e do Rökiloy, que entretanto estavam a correr pelas paredes e a trepar postes, como uma stripper depois de misturar red-bull e ecstasy.

domingo, 15 de março de 2009

O Domínio

Que sonho estranho. Rökiloy tinha tido um sonho. Estranho. Encontrava-se num deserto, certamente vazio de emoções, um deserto branco, profundo como uma estrada sem carros.

Era curioso como se lembrava de cada pormenor dentro do seu próprio sono. A maneira como o vento se mexia, o modo fofo como as árvores balançavam. Mesmo as invisíveis. Lembrava-se especialmente como, no claustrofóbico silêncio, uma figura permanecia com os olhos fixados nele, definitivamente um homem, de belos cabelos quadrados e horizontais. Um herói da Atari, na certa. Tinha mistério tatuado na sua longa testa. Mesmo.

Mistério

Agora o dia estava cinzento e Rökiloy desafiava as leis da gravidade brincando com o seu iô-iô. Era um objecto engraçado, Rökiloy levava-o para todo o lado, a não ser claro, para o cinema. Achava má educação brincar com ele no cinema.

Era meia noite e meia (00:30) exactamente e o nosso jovem amigo estava no cinema a ver um filme, obviamente. Via o Marley e Eu embora desejasse secretamente estar a ver o Resgate do Soldado Ryan. É assim a vida, nunca podemos ter exactamente o que queremos, e Rökiloy estava a aprender isso da pior maneira. Desiludido com o filme, lança a espectacular frase:

"Caralho pa isto tudo...!"

e sai do cinema em fúria complexa. Nisto, sente fumo a deslizar das paredes e a formar uma figura impressionante à sua frente. Fumo materializado e uma imagem que começava a reconhecer. Aquele manto espectacular, aquele ar imponente, uma aura dispersa, indefinível. Sim, ele tinha a certeza que sabia quem era,

- Pai Natal! Sempre apareceste!

- Cala-te idiota. Não sou nada o Pai Natal. Sou Roger Banana, o mestre supremo do DC.

- DC?

- Sim, domínio corporal, já ouviste falar?

- Por acaso, ando a inteirar-me sobre os benefícios do Parkour...

- Isso é para meninas. Ouve-me bem, Rökiloy, és uma menina? Já desejaste ser uma menina?

- Hey...

- Ah ah ah, vais perguntar-me como sei o teu nome, certo?

- Não, acho suspeito é tu saberes que já desejei ser uma menina!

- Ouve lá, queres dominar o teu corpo de maneira absolutamente extra fantástica ou não?

- Quero!

- Então, eu dou-te os poderes! 1,2 e 3, TRANSMISSÃO SUPER PODEROSA DE PODERES....Rökiloy....DOU-TE O PODER SUPREMO DO DOMÍNIO CORPORAAAAAAAL! A partir de agora, o teu corpo é exactamente tudo que tu quiseres...

- Obrigado Mestre Roger!

-De nada. Rökiloy, tu não sabes, mas fazes parte de algo muito superior a ti mesmo. Peço-te, em nome de toda a humanidade, que treines os teus poderes, corre, salta, atira-te! És elástico e fantástico. O teu corpo é uma arma.

- Uau! Sou como o Homem-Aranha agora?

- És melhor que qualquer um desses Homens-Animais. Filho, quero dizer, Rökiloy, expressa-te com o teu novo dom corporal. Liberta-te!

E com estas palavras, o grande mestre Roger desapareceu nos corredores infames.

"Gajo misterioso, muito misterioso este gajo", pensou o jovem Rökiloy, enquanto roía um pedaço de fruta velha.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Reflexões de Shigusi

A day in the life

Começo o dia no preciso momento em que me levanto da cama. Assim que me levanto da cama o dia começa, portanto.
Maravilho-me com as plantas, cadelas, chuva que cai nas plantas, pássaros e flores decorativas que tão bem ficam no meu jardim natural.
O meu bonsai parece-me virtualmente infantil, olho para ele e choro por dentro. Sim, por dentro, porque nunca consegui chorar por fora. Homens como eu não choram.
Tomo o pequeno-almoço que consiste em Brie. Só Brie.
Não ligo a televisão porque não possuo uma.
Dou uma gorjeta generosa à amante da noite prévia e em seguida concentro-me no saber.
O que é o saber? Isso gostariam vocês de saber...
Sabem? Há muito mais, há tanto mais, há extremo mais do que isto.
Foco-me em tudo o que existe e ainda não compreendo.
Não compreendo pouco, já compreendo muito. Cada vez compreendo melhor isso.
Recebo 3 pupilos e ensino-lhes a minha arte, a minha filosofia.
Quero que eles se corrompam nas minhas palavras sábias. Serão mestres assim como eu. Perdão, assim como EU.
Durmo, sonhando com uma vida absolutamente inferior.
A minha superioridade não me dá outra saída: tenho de desejar pouco quando tudo o que tenho é apenas o infinito.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

High there! Have a joint.

No momento em que cheguei à biblioteca apercebi-me que não estava sozinho.
Além das pessoas humanas também estavam lá estantes cheias de livros...

- Bem, não sei porque é que isto se chama biblioteca se não encontro nenhuma Bíblia...

Eu precisava de ver algo importante na Bíblia, algo que poderia mudar a minha vida.

- Ei Gajo, 'tá-se bem?

- Siema Narrador, o que contas? - digo eu numa distância amigável.

- Siema? Ao menos podias ter dito Siemka...era mais fofinho.

- Fofinho é contra-natura para mim. Mostras muita disponibilidade dessa forma. Olha já agora, sabes de onde era a gaja no poço com quem Jesus falou?

- Era samaritana.

- Ah é isso, já posso viver em paz. Olha, vou lá fora fumar um cacete, até já.

- Ok Gajo, até já.

Nisto, peguei no caderno, lápis e caneta e saí.

- Foda-se que frio, deixa-me é ir para um canto apanhar a moca sossegado.

Mal tinha acabado de pôr o falo na boca fui interrompido.

- Olá giro, queres que te acenda isso?

- 'Tá-se bem, assim não gasto eu gás.

*Click*

Sai uma nuvem de fumo da mina boca, com a forma de uma caveira.

- Posso dar um bafo?

- Claro que não! Não te pedi nada.

- Ok, então toma o meu número para quando mudares de ideias.

- Obrigado, depois ligo-te.

- Adeus.

Mais um número para gravar, já estou com pouca memória...

Alguns segundos depois, sinto uma presença conhecida. No Verão especializei-me em sentir as pessoas, e agora consigo fazê-lo num raio de 200 m +/- 20,453. Tem graça, não é uma presença que identifique, mas sei que conheço esta pessoa.

- Vou já saber quem és, vais cruzar a esquina daqui a 5, 4, 3, 2, 1...

Eu conheço aquele cabelo preto...
É A NAMORADA DO CÓCÓ!
QUE PUTA DE MOCA CARALHO!
Deve ser um holograma de certeza.

Mas parece que não reparou em mim, acho que simplesmente o vou seguir (ao holograma), para ver onde vai, com sorte até descubro onde é o sítio onde ela dorme.

Hum...isto são uns sítios estranhos. Porque é que ela se está a meter nestas vielas escuras onde andam os traficantes de órgãos genitais e drogas ultra-fortes com pérolas de moca limpa?
A verdade é que as paredes têm uns graffiti altamente, se não a estivesse a seguir ficava aqui a apreciá-los.

Narrador: Após uns 5-20 minutos O Gajo descobre algo surpreendente.

Este é o meu bairro, o que se passa aqui? Eu sei que ela não mora cá, eu tenho a informação de todos os residentes, com controlo de entradas e saídas, para saber onde param as boas.

Narrador: Enquanto O Gajo pensava nas razões da namorada do cócó estar no bairro dele, ela vira uma esquina, ficando fora do ângulo de visão d'O Gajo.

- WTF? Ela desapareceu, e não a consigo sentir, o que é isto?

Narrador: Nisto O Gajo começa a correr feito louco, e dirige-se para o prédio onde mora.

*BUMP*

- Ouch! - disse eu quando ela subitamente aparece vinda de dentro do meu prédio e lhe dou um encontrão. Se não fosse pelas buzinas dela provavelmente alguém se teria magoado.

- Finalmente te aproximaste.

- O quê? Eu estava a seguir o meu caminho normal templo-casa.

- Cut the crap. O templo fica na direcção oposta de onde vieste.

- Ok. Como é que sabes que te estava a seguir?

- Só me sentiste porque eu deixei.

- Então porque vieste para aqui?

- Para acabar o que começamos, o beijo é o início, não é o fim.

Sem hipótese de réplica, vi-me imediatamente envolvido num beijo louco de desejo.
Com alguma dificuldade ela conseguiu guiar-me para dentro da...minha casa?

- Isto não faz sentido, como é que sabes isto tudo sobre mim?

- Sei muito mais sobre ti do que tu imaginas, Gajo.

- Então tenho o direito de saber como te chamas.

- Tratam-me por Gale. Agora faz-me algo sexual! Estou tão húmida que daqui a pouco estamos a nadar. Até a puta do desumidificador entupiu.

Até podia explicar tudo o que fizemos, mas não conto pormenores da minha vida sexual a ninguém, até porque isto não é uma ero-story, e não quero ninguém a esgalhar o pessegueiro, ou a brincar com a raspadinha (e não a da testa das indianas) às custas das minhas experiências.

- Então, gostaste?

- zzzZz.

- Óptimo, já estás a dormir...vou-te deixar a melhor prenda que já te deram, Gajo, o Mestre da Sedução.

- Lustus, Libidus, Lesbus, Putu Qui Parius!

Narrador: A Gale abraçou O Gajo e sussurou-lhe ao ouvido:

- Agora vais ter-me sempre a teu lado quando precisares de mim. Com o teu novo poder não vais precisar muito...mas só por agora. Até breve Gajo.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Fight or Flight

Acordei as 16:27 e já não ouvia a música a tocar...de certeza que o computador teve mais um Blue Screen enquanto dormia...
Levantei-me e voltei a pôr aquele som electrónico maluco que me relaxa tão bem.

- Que raio de sensação, dormir dá-me fome. Sempre que acordo tenho sono, seja depois de dormir 1 ou 10 horas.

- Vamos lá ver o que há para o lanche.

Depois desta curta conversa comigo mesmo dirijo-me à cozinha, abro o armário e descubro que me acabou o café.

- Argh!! O meu cafééééé!!! Como é suposto um gajo como Eu, O Gajo, lanchar sem uma chávena de café?!

Após uns segundos de luta dentro da minha cabeça decido-me a ir ao Mercado Rapidinha, que é o mercado mais perto com um café decente.
Volto ao meu quarto, pego na minha jaqueta, dou uns últimos toques no cabelo rapado e aí vou eu.

Tinham ainda só passado 4 músicas desde que saí de casa e vi logo algo que me roubou a atenção. Qual é o meu espanto que ao começar a olhar a minha visão periférica, reparo que às três horas* está a haver uma discussão, e com uma grande lata, olho directamente para a situação.

Fico chocado ao ver um jovem mais ou menos da minha idade, com umas calças com o triplo da largura das pernas dele dentro do que se pode chamar calçado. O moçoilo tinha ainda um casaco camuflado em tons rosáceos que era capaz de servir ao meu armário lá de casa, uma bolsa de cintura branca, de pele ou napa, à volta do pescoço, um boné num tom rosa mal posto em cima de uma touca azul bebé e por baixo estava em tronco nú.

Fico pasmado a olhar para tal, porque só podia ser uma de duas coisas, ou um emigrante francês, ou um cocó **.

O mal-educado estava ali a gritar para uma rapariga, e quando vejo que ela estava a chorar, aproximo-me para perceber o que se passava.

- (...) que tu queres dama? Pensas que eu não sei o que tu fizeste? É pensas que o Charles Tó é burro?

- Sniff.
Não, Tó. Eu ia só estudar com eles...

- Não m'atires areia p'ós olhos ó dama do caralho, eu 'tou a ver a tua cena toda, 'tázaver?

Nisto, o cocó pousa o saco que levava e diz:

- Sabes dama. Podes ser uma dama, dama. Mas p'ra mim a levar na cara é como se fosses um damo, 'tazaver ó dama?

Ao ouvir isto aproximo-me uns metros, os suficientes para ver que o cocó tinha 3 piercings, e pergunto em voz alta:

- Ó rapazola de boné salmão, passa-se alguma coisa?

- Sóce, não te metas onde és chamado, sóce...

- Presumo que quisesses dizer onde não fosse chamado - disse, com a suprema ironia.

- Sóce, estás a brincar comigo, sóce, é, sóce? Queres-te meter mesmo onde não és chamado? Vê lá se acabas masé quêmado - disse o cocó em tom de rima.

- Claro que sim, eu sou sempre chamado quando um homem levanta a mão a uma senhora. E pára de me chamar essa coisa que tu me chamas.

- O que sóce? Sóce? 'Opa sóce, eu sou capaz de cenas...eu FAÇO-TE CENAS E TE VAIS ARREPENDER SÓCE!!1!!ONE! - disse o cocó, dando uns pulinhos e gesticulando estranhamente com os braços quando disse estas últimas palavras.

- Ei, não precisas de revirar os olhos... - e ao dizer isto olho para o céu e vejo um lindo abutre. Eles costumam aparecer nesta época do ano.

- Viste o pássaro, sóce? Veio buscar os teus restos. - e depois riu-se de forma louca e bizarra, continuando, como quem canta hip-hop - Vou-te calar, sóce. Não vai saber-se o que se passou contigo quando eu acabar de te bater. Vais sofrer, nem me vais conseguir ver, a aproximar. Vai-te doer quando eu te socar, cabeçear e até pontapear. Vais gritar!

- Se me vais bater só com o hip-hop não preciso de ir para o hospital. Vá, deixo-te mandar-me o teu melhor soco. Dá com toda a força porque depois é a minha vez, gosto de usar a força apenas em legítima defesa.

Ainda antes de eu acabar de falar já vinha ele a correr, ainda ouço alguém a dizer do outro lado da rua: "Lá vai ele, furioso!". Ainda demorou a cruzar os cerca de 15 metros que nos separavam. Nos últimos cinco ele já estava de braço direito levantado, o que me deu tempo mais do que suficiente para prever o que iria acontecer.

POF!!
POK POK!!!
- Ughhh, ughhh
VUUUUUSSSSSCHHHHH!
SPLOCK!!!
- AAAAARGGGGGGGGHH!!!!!!!!!!!! ARGGGGHHHHHHHHH!!!!!!

Ao chegar a mim desferiu um soco violentíssimo, com uma força extrema, ao mesmo tempo que saltou para tentar aumentar o efeito surpresa. No entanto, não imprimiu a velocidade suficiente para enganar os meus reflexos, ao que facilmente levantei o braço esquerdo e o bloqueei, fazendo o som POF.

Ainda com ele no ar, tive tempo para lhe atingir no esterno com a margem cubital da mão, ouvindo-se o primeiro POK.

Em décimos de centésimos de segundos vejo a cara surpresa dele a olhar para mim, com os olhos esbugalhados como quem diz: mas que trovão está a acontecer aqui? Nem consigo reagir à valente sova que estou a levar e que ainda vai a meio!

Tenho a certeza que ele não conseguiu começar a pensar tudo isto antes do meu segundo ataque, uma terrível cotovelada que saiu paralela ao meu tronco embatendo-lhe, mais uma vez, no esterno, com um ruidoso POK, levantando-o ainda mais no ar.

Quando a gravidade começou a tomar posse do corpo dele, varri-lhe as pernas com um pontapé de esquerda, sem alusões à política, utilizando 1/10 da força da minha anca.

Foi tudo muito rápido...mas o cocó ali estava, no chão, quedado de lado com a orelha a sangrar. De certeza que algum dos demais piercings dele lhe saiu com o vento que as minhas técnicas, ensinadas com a sabedoria do mestre Shigusi e aprendidas com o meu suor, provocaram.

A jovem acorreu para o cocó. É incrível como realmente há pessoas masoquistas, que gostam da dor física, psicológica, e de ser sodomizadas à bruta no chuveiro.

- Tó, tu estás bem? - perguntou, com as lágrimas a escorrerem-lhe da face desde há bocado.

Foi agora que olhei para a rapariga bem o suficiente para ver o quão bela era. Tinha aqueles cabelos pretos encaracolados, enterrados numa cabeça morena de olhos verdes, como duas esmeraldas. Os seus lábios eram de um carmim bem vivo, impossível de explicar o quão apetitosos. A sua túnica estilo tenista de algodão, ou acrílico, realçava-lhe as formas...evidenciando dois belos seios que pareciam umas buzinas.

A forma como ela estava curvada sobre o seu pobre e partido "Tó" fez-me parecer alguma imagem que eu tinha visto antes, mas que não me lembro qual.

Poucos segundos depois, ela levanta-se e começa a caminhar na minha direcção. Agarra o meu pescoço e dá-me um grande beijo...sabia a morango...
Sem eu estar à espera dá-me um grande estalo, fazendo-me virar a cabeça a 90 graus.
No momento em que voltei a olhar para ela só vi vazio...

- WTF? Gajo, tu sabes que não estás a dormir, isto aconteceu mesmo...

Depois de me mentalizar da veracidade dos factos passaram há momentos, ponho o meu sorriso sensual e recomeço a caminhada até ao Rapidinha.


* Três Horas - não no sentido das horas, mas como um meio de orientação. i.e. meio-dia é à frente, uma hora e meia são 45 graus à direita.

** Cocó - sinónimo do guna de uso corrente, mas diferente do que aparece aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Guna

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A Filosofia do Parkour

Vejo o teste nas minhas mãos e quase que dou um grito histérico pela facilidade extra-fácil que aquele pedaço de papel provocava em mim. Finalizei-o em meros centésimos de segundos e fiquei a olhar para os meus colegas enquanto eles liam lentamente as perguntas. Tive quase uma vontade impressionante de lhes solucionar os testes, mas contive-me. Não consigo explicar porquê, mas senti que não podia nem devia desperdiçar as minhas novas capacidades cognitivas.

Olhei para a janela em breves instâncias de aborrecimento e qual não é o meu espanto quando vejo o jovem Rökiloy a tentar trepar muros e a fazer acrobacias que no meu entender, apenas podia qualificar como maradas. Achei curiosa toda aquela simulação de macaco e decidi então ir ter com ele.

- Professora! - exclamei eu - Acabei o teste. Posso ir lá fora brincar com o meu amigo?

- Ah ah. Que engraçado. Até parece que já acabaste... ainda nem tiveste tempo de começar!

- Já está acabado sim, e sinceramente achei-o muito fácil...

- INSOLENTE! COMO TE ATREVES A MENOSPREZAR O MEU TRABALHO?

- Eu não estava a menosprezar o seu trabalho. Apenas acho que até o meu avô era capaz de solucionar estas questões. E ele morreu há duas semanas.

- FILHO DE UMA GRANDE PUTA! QUERES IR TER COM O TEU AMIGO? ENTÃO VAI! VAI E NÃO ME CHATEIES! ESTÁS A PERTURBAR A AULA, SEU NABO! HÁ PESSOAS AQUI QUE QUEREM FAZER UM TESTE! QUERO SILÊNCIO ABSOLUTO! ABSOLUTO, PERCEBES?

Nisto, levantei-me, deixei o papel na secretária, e fitando a professora furiosamente nos olhos, entrego-lhe um sorriso perto da perfeição.

Rökiloy estava especialmente espirituoso nos seus jogos. Decido dialogar com ele.

- Röki, amigalhaço. Que malabarismos corporais são esses que empregas no estático cimento?

- Hey! É Parkour, meu! A técnica de dominar o chão e as cenas à volta!

- Hum. Sinceramente estive a observar-te há bocado e sinto que te falta técnica nos teus saltos. Por outras palavras- penteei sensualmente o cabelo e acrescentei -Falta fogo ao teu artifício.

- E que devo fazer quanto a isso?

- Fácil! Deves desenvolver a Filosofia do Parkour! E eu vou ajudar-te!

- Mas tu não percebes nada disto!

- Enganaste. Eu percebo tudo... de tudo!

E assim, ouvindo no meu mp3 a fabulosa composição Of Skulls And Graveyard Fucking Part III
e elaborando uma dança danada, comecei a recitar os princípios obrigatórios do Parkour, as directrizes absolutas para uma revolução eficaz.

1: Não saltes apenas, torna-te no salto!
2: Arrisca!
3: Trepa as paredes, não tenhas medo de trepar!
4: Sobe até ao infinito!
5: Nem que partas os dentes!

Depois de estabelecer essas belas linhas de sabedoria, entreguei a Rökiloy um manuscrito de 700 páginas que redigi em 3 minutos sobre a Filosofia e a Psicologia do Parkour, que continha todas as regras absolutas para um Parkour com esplendor, dinâmico e explosivo.

Durante meses, recitei partes do livro aos meus amigos que sorriam satisfeitos perante o meu conhecimento de uma arte ainda tão inexperiente na nossa cultura.

Fui para o café, misturar-me com a plebe. Sim, porque embora agora eu fosse extremamente inteligente, era inegável o gosto exremo que ainda mantinha por coca-cola fresca.

Alvorada Precoce

A meio do meu sono sou despertado por um macaco azul de costas, EI!, esperem lá, um MACACO AZUL?

- Vejo que já acordaste - disse o macaco azul virando-se de frente, revelando-se afinal ser um velhote com cabelo azul até aos pés - Agora posso-me apresentar. Sou o Deus das Artes Intelectuais, e estou aqui para te recompensar.

- Mas espera lá - disse eu ensonado - a intelectualidade é uma arte? E vais-me recompensar pelo quê?

- Não questiones o que não queres saber. Mas eu posso-te responder na mesma... - disse, fazendo uma pausa.

- E então...? - interrompendo o silêncio que já durava há segundos, mais precisamente dois.

- Foste testado, e passaste nesse mesmo teste.

- Fui testado? - disse eu num misto de dúvida e relutância.

- Sim, não foi o que acabei de te dizer? - disse a personagem divina com alguma impaciência - Mesmo depois de teres tido a tua casa revirada e o teu gato inconsciente foste capaz de estudar para o teu exame, sem dizer um 'ai'.

- Foste tu? Mas não tinhas o cabelo tão grande! - disse eu, como se estivesse a fazer uma grande observação.

- Não é óbvio? Seres divinos têm o perfeito domínio da transformação, são capazes de se tornar na cópia perfeita da outra pessoa, coisa que só alguns dos melhores ninjas do mundo conseguem.

- E eu algum dia vou conseguir ser como eles? - perguntei, sabendo das minhas limitações intelectuais.

- Depois da tua recompensa vais ser capaz de fazer quase tudo o que quiseres. Vou-te aumentar e muito as tuas capacidades intelectuais, e vais deixar de ser um mentecapto.

- Fabuloso! - gritei, ao mesmo tempo que saltei do amontoado de roupa onde estava a dormir.

- Amanhã não te vais lembrar de nada, portanto não esperes voltar a ver-me.

Dito isto ouvi-se um ZAAAAAAAAAAAP seguido de um flash luminoso, e não sei o que aconteceu depois porque já estava a dormir.

Nota do autor: No dia seguinte o Narrador não se lembrava de nada, portanto ele não era capaz de dizer esta mesma linha.

Ao acordar espreguiço-me com a sensação que estou preparadíssimo para o teste, embora não tenha estudado quase nada...
É de facto uma sensação estranha, mas deveras agradável. Pego na chávena, que estava no chão desde o trágico incidente em minha casa, e ponho duas colheres de café purinho, porque o Mokambo e os seus 20% de café não acordam ninguém. Enchi a chávena com leite, mexi, e bebi tudo num só trago.

- Ena, já estou atrasado, tenho que me pôr na escola rápido senão já não faço o exame. Nem tomei banho nem nada...que porco.

Ao acabar de dizer isto já tinha fechado a porta de casa e estava a montar a bicicleta.
Foram 3 minutos até chegar à escola, e quando subi os dois andares para entrar na sala, fiquei surpreso por não estar lá ninguém. Foi ness preciso momento que recebi uma sms dO Gajo, a dizer que a sala foi mudada.

- Ainda bem que O Gajo pensa sempre em mim, ele é o maior.

Corri para a sala, entrei e sentei-me, esperando com nervosismo o famigerado exame.
As portas fecharam-se, fez-se o silêncio, e a professora olhou-nos com um sorriso diabólico, ao mesmo tempo que pegou na resma de testes e os começou a distribuir.